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FESTAS JUNINAS

PAPO SEM CRACHÁ

E VIVA SÃO JOÃO!

Ah as festas juninas! Gosto de quase todas as gostosuras e aqui em Minas Gerais abusamos deliciosamente do milho, graças a São João, São Pedro e Santo Antônio. Se não existissem, teríamos um mês tão frio e ao mesmo tempo calórico de comida?

Teríamos! Não podemos, de jeito nenhum, responsabilizar os Santos por esses “doces pecados” e dias quentes de junho que, há tempos, não traz frio.  

Os pratos, de tão amados, passaram a fazer parte do dia a dia – pelo menos dos mineiros e goianos. Pamonha, bolo, broa, curau ou mingau, canjica, chica doida. Têm pra todos os gostos e, além disso, pasteis, doces e quentão que troco, gentilmente, por Guaraná Mineiro.  

Pras bandas de cá têm também galinhada, espetinho, pipoca, pé-de-moleque e pé-de-moça, paçoca e até cachorro-quente. É um cardápio bem eclético pra agradar, como diz o ditado, gregos e troianos. Eu prefiro os pasteis, a galinhada e o pé-de-moça.

Quando a música e o papo estão indo bem, lá vem o bingo, leilão, festival de bombinhas, traques e busca-pés. Confesso: sou daquelas pessoas que preferem o espaço para as conversas e risadas enquanto comemos. Nada contra as canções típicas e quadrilha. Pelo contrário!

É comum as pessoas participarem à caráter da festança que, inclusive, está incorporada no calendário de eventos das empresas. Então, vamos tirar o crachá e falar mais sobre isto?

Certamente você recebeu o convite para a festa junina da empresa onde trabalha. Quase sempre o convite vem com esse pedido “pouco imperativo”: “tire sua fantasia caipira do guarda-roupa e venha se diverti no nosso arraiá!”

Não incluí, propositalmente, o “r” na palavra divertir; e o “l” em arraial. Via de regra, os convites são redigidos assim. Não quero tecer comentários a respeito da redação. Daria outro “textão”.

E, cá entre nós, pra festa ser divertida a fantasia é necessária?

Organizei inúmeras festas juninas numa das empresas onde trabalhei. Na época eu tinha uns vinte e poucos anos – como disse o Fábio Júnior. Passava, literalmente, em todas as áreas reforçando que seria “muito legal” se todos viessem fantasiados.

Muitas pessoas iam fantasiadas pois amavam entrar no clima. Outras participavam sem fantasia e se sentiam muito bem. Um tanto de gente, mesmo querendo ir, não ia por não concordar com o pedido de uso da fantasia. Outro tanto vestia a fantasia pra “se enquadrar” no “esquema” da empresa. Não queria “desagradar”. Preferia sentir o desconforto a correr o risco de receber um “feedback” do superior ou da equipe organizadora.

Tinha também quem, simplesmente, não ia porque não participava de nenhuma iniciativa de integração promovida pela empresa. E ponto. Estavam errados? Óbvio que não! Vai quem quer.

Hoje, depois de quase outros vinte e poucos anos e infinitamente mais maduro, percebo que o papel da empresa e de quem organiza o evento é oferecer o espaço à socialização das pessoas, acolher cada um em sua individualidade, não exigir “isso” ou “aquilo” com o pretexto de tornar a festa mais “animada”.  

O que não dá, de jeito nenhum, é a equipe organizadora insistir na ideia de que pra festa ser “legal” devemos ir fantasiados. Definitivamente, não.

A festa é legal quando a gente pode ser quem a gente é. Só tenho essa consciência porque aprendi vivendo!

O momento precisa ser leve, descontraído e cada pessoa deve ir à vontade, sendo quem é em sua essência, sem precisar se caracterizar.

Se você é responsável pela organização, vou dar uma canja: seja gentil e não pergunte “cadê sua fantasia”. É desconcertante e deselegante!

Mais ainda, se o “coleguinha” não quiser dançar quadrilha, não insista! Sabe aquele ditado, “cada um na sua”?

A festa fica mais gostosa quando a diversidade não está só nos pratos típicos. A diversão é espontânea e garantida quando a gente pede pra que as pessoas venham vestidas “delas mesmas”. E viva São João!

CRÉDITO DA IMAGEM

Imagem de CHRIS LAWTON EM UNSPLASH por Pixrl, URL: https://unsplash.com/@chrislawton